CA TUJAL - HISTÓRIA
IDADE MÉDIA (Sécs. XIII - XIV - XV)
As referências mais antigas ao lugar do Catujal datam do reinado de D. Dinis. Um documento datado de 1295 e assinado por este Rei e sua mulher a Rainha Santa Isabel doa à Infanta D. Constança o reguengo de Unhos, que inclui o lugar do Catujal. A doação é válida apenas em vida da Infanta. É uma doação de tipo feudal em que a dita Infanta passa a auferir todos os direitos e rendas provenientes de casais, quintas, moinhos, azenhas, padroados de igrejas, possuindo ainda o direito de exercer a justiça nesses locais. Ainda na época de D. Dinis é aforado um casal no lugar do Catujal, termo de Unhos a um certo Leonardo Vicente. O aforamento é um contrato de exploração fundiária ficando o Rei (proprietário) com o domínio de facto da propriedade e o foreiro com os proventos de exploração da mesma mediante pagamento de um foro (ou renda) anualmente ao Rei (em dinheiro ou géneros). Em 1317 ainda sob o reinado do mesmo monarca são doadas 3.000 libras proven~entes das rendas dos reguengos (propriedades régias) de Sacavém, Frielas, Camarate e Unhos (incluindo Catujal) ao Almirante Pessanha e seus descendentes. Privilégio que será confirmado em 1327 e em 1356 respectivamente nos reinados de Afonso IV e Pedro I. Em 1372 D. Femando doa a sua mulher, Rainha D. Leonor Teles após o contrato de casamento, os reguengos de Sacavém, Frielas, Camarate e Unhos (Catujal incluído no reguengo de Unhos) com todos os seus territórios, herdades, quintas, casais, azenhas, direitos reais, padroados das igrejas e jurisdição civil. Após a revolução de 1383-85, com a instituição de uma nova dinastia iniciada por D. João I (mestre de Avis) os reguengos de Sacavém, Camarate, Frielas e Unhos (que inclui o Catujal) que até aqui possuía D. Leonor Teles são doados pelo novo Rei ao Condestável do Reino D. Nuno Álvares Pereira e seus descendentes. Em 1433, o Rei D. Duarte confirma esta doação passando a propriedade destes territórios para a posse do herdeiro de Nuno Álvares Pereira o seu neto D. Afonso, futuro Duque de Bragança. Nesta data o lugar do Catujal deve ter ganho alguma importância pois é pela 1ª vez citado enquanto reguengo a par de Unhos, Sacavém, Frielas, Camarate e Charneca.
IDADE MODERNA (Sécs. XVI - xvn - XVIll)
Pela 2ª metade do séc. XVI, assiste-se a uma lenta desintegração do sistema feudal (com seus reflexos um pouco por todo o reino, permitindo-nos assim encontrar no Catujal um certo número de pequenos proprietários rurais, a saber: em 1560 Margarida Brás deixa em testamento o pomar da Rosa no Catujal ao seu neto Francisco Rebelo; em 1561 Gaspar Rebelo herda o serrado do Catujal; em 1590 Duarte Brás deixa uma vinha e pomar no Catujal a Pero da Cidade; em 1594 há a noticia da exploração de uma fazenda no Catujal. A actividade dos habitantes do lugar é exclusivamente agrícola (pomares de fruta, vinha e possivelmente cereais no cerrado e na fazenda referidos). Não possuímos dados referentes a actividades artesanais ou ofícios mecânicos.
Durante o séc. XVII podemos deduzir um aumento relativo da importância do lugar do Catujal, pela execução em 1612, do retábulo da igreja de N. Sr.ª da Nazaré (de possível origem medieval) e pela reedificarão da Igreja em 1676 conferido-lhe o aspecto exterior que ainda hoje possui. O interior da igreja ficou muito danificado com o terramoto de 1755. No entanto, um pormenor curioso revelado pelo pároco de Unhos em 1758 diz-nos que à Igreja do Catujal afluíam por esses tempos muitos romeiros por acreditarem que a chave da sua porta tinha poderes milagrosos que curariam pessoas mordidas por cães raivosos e também animais mordidos.
No entanto, o panorama traçado pelo mesmo pároco em 1758 é pouco animador. Diz-nos ele que o lugar do Catujal é pobríssimo. Embora se produza vinho, o azeite é pouco porque escasseiam as oliveiras. Faz-se pouco pão porque escasseiam igualmente o trigo, o milho e a cevada. A produção de legumes é praticamente inexistente (a mesma fonte refere que há 7 anos que não vê feijão no Catujal). A população do lugar é de 58 pessoas constituindo 10,3% dos habitantes da freguesia de Unhos.
ÉPOCA CONTEMPORÂNEA (Sécs. XIX e XX)
Em 1869 o lugar do Catujal estrutura-se ao longo de um caminho principal: a Rua da Fonte (orientada no sentido Este-Oeste) na qual se situa a Igreja, o mesmo se verificando sem alterações em 1885. O que não impede Pinho Leal, no seu Portugal Antigo e Moderno, de 1882, de nos dar o retracto romântico e bucólico do local; diznos que o lugar do Catujal é constituído pela Igreja de N'. Sr.ª da Nazaré rodeada de quintas e casas de campo. Cercado de colinas povoadas de vinhas e pomares. A 150m da Igreja situava-se a fonte cercada de frondosos freixos e amendoeiras e junto a ela um cruzeiro: É um sítio formosíssimo (sic).
No entanto, em 1901 o lugar do Catujal era apenas servido por meros caminhos, não possuindo nenhum acesso por estrada. Pela mesma época Unhos e Apelação possuíam já estradas a macadame.
Nesta data uma representação cartográfica mais rigorosa mostra-nos o lugar com o facies que manteve sem alterações até meados dos anos 60 (v. cartografia militar de 1901, 1936, 1945 e 1965) formando um espécie de triângulo constituído a Sul pela referida Rua da Fonte (sentido Este-Oeste) e pelas duas azinhagas que partindo da dita rua se unem a Norte (Rua das Atafoneiras e Calçada das Atafoneiras). Esta forma de extrema simplicidade é ainda hoje bem visível, se bem que cercada de bairros de natureza clandestina que surgindo em fins da década de 60 cresceram de forma muito acelerada nas décadas seguintes até aos nossos dias.
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