«O proprietário de uma farmácia em Unhos, no concelho de Loures, é apontado como um dos principais responsáveis pela rede que foi desmantelada pela Polícia Judiciária e que, mercê da falsificação de receitas, lesou o Estado em cerca de dois milhões de euros.
Todos os oito detidos no caso saíram em liberdade, depois de ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre, to Tribunal Central de Investigação Criminal, mas o proprietário da farmácia em Unhos, M.S.P., só garantiu a liberdade graças ao pagamento de uma caução de 20 mil euros.
O mesmo aconteceu com um responsável da firma Mirafarma, F.A.M., que teve que pagar uma caução de 50 mil euros para não ficar em prisão preventiva. M.S.P. e F.A.M seriam os principais elementos da rede, cujos ganhos ilícitos advinham, segundo a investigação, da venda fictícia de um medicamento, o Risterdal Consta, destinado ao tratamento de esquizofrenia.
O medicamento tem uma comparticipação a 100% pelo Serviço Nacional de Saúde e a rede usava esta condição para conseguir os ganhos, através de receitas e da venda fictícia deste medicamento, cuja comparticipação revertia para a rede. Os cálculos de prejuízos para o Estado rondam as centenas de milhares de euros, mas fontes policiais garantiram que o podem ascender aos dois milhões. O Ministério da Saúde está a avaliar os danos.
Em Unhos, no entanto, onde funcionava a farmácia gerida por um dos principais arguidos da rede, a população foi apanhada desprevenida. "Não fazíamos a mínima ideia do que estava a acontecer", adiantaram moradores da zona ao JN.
Ontem à tarde, a farmácia continuava aberta, mas funcionários do estabelecimento recusaram-se a prestar declarações ou a fazer comentários sobre o caso. No entanto, mais farmácias, de Sacavém e Odivelas, estiveram também envolvidas neste processo de burla qualificada, associação criminosa e falsificação de documentos, num inquérito tutelado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), do Ministério Público, e que foi entregue para investigação da à área do Combate à Corrupção, da Polícia Judiciária.
A burla foi detectada pelo Centro de Conferências de Facturas, do Ministério da Saúde, que denunciou o caso junto do MP vários exemplares da mesma receita eram usados, em vários pontos do país.»
Texto in JN online, 29-01-2011
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