sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Condenação de militar de Loures desmotiva na GNR


«O presidente da Associação de Profissionais da Guarda, César Nogueira, receia que a desmotivação dos militares da GNR venha a crescer, na sequência da condenação de Hugo Ermano a nove anos de cadeia.


- Hugo vai estar presente na manifestação de dia 21 -



O militar foi condenado pelo Tribunal de Loures a nove anos de cadeia, por ter morto a tiro um rapaz de 12 anos, de etnia cigana, que, sem que o soldado da GNR o soubesse, seguia num carro que participara num crime.

César Nogueira, em declarações ao JN, declarou que "há o risco dos militares se sentirem inibidos no desempenho da sua missão. É muito perigoso". De acordo com o dirigente, "perante uma situação de risco, o que deve fazer o militar? Deve ver ou será melhor não ver?".

A condenação surge numa altura em que os cortes orçamentais estão a afetar as polícias que, no próximo dia 21, vão manifestar-se. Hugo é um dos militares da GNR que vão estar presentes, segundo disse o presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG). "A ideia não é aproveitar-se da situação do Hugo, mas é verdade que a desmotivação está a assumir várias facetas".

Para a APG, o caso de Hugo Ermano mostra também que "é necessário o Comando-Geral alterar a instrução e englobar o tiro em movimento, além do tiro estático", uma lacuna que poderá ter conduzido ao tiro mortal e à condenação. "Na maioria da vezes, o tiro que temos necessidade de fazer é em movimento. O estático é só para familiarizar o homem com a arma".

Ricardo Vieira, advogado de Hugo Ermano, diz que "o recurso ao Supremo será entregue em Novembro".

No Facebook, o valor de custo da ação judicial apontado é de nove mil euros e, ontem uma carta da mulher de Hugo Ermano, adianta que a verba conseguida vai em "5 805,78 euros", mas, em nome do marido, apela a mais donativos: "não possuo capacidade financeira para lutar pela minha inocência e liberdade. Infelizmente tenho de ser eu a fazê-la...".

Fonte do Comando-Geral explicou, ao JN, que Hugo Ermano "não pediu apoio judicial à GNR no início do processo", mas a APG entende que esse apoio "devia ser concedido automaticamente.»



Fonte: JN online, 01-11-2013

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